A partir de estudos voltados para o contexto colonial escravocrata, a
performance Levando Fumo 2018/2019 passeia pela vida das pessoas
escravizadas para trabalhar nas lavouras de cana-de-açucar, café, fumo e
produção de cachaça na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Todos esses
produtos, além de serem consumidos em terra Brasilis, eram também
importados para Europa e África. Mas o mais agravante, era a morte súbita de
muitos negros nas péssimas condições a que eram submetidos para trabalhar.
Muitos ficavam confinados na senzala, sob o julgo do capitão do mato. O
tempo passou, a escravidão foi extinta. A partir de um olhar decolonial, nos fica
as seguintes perguntas:
A exploração dos corpos negros se extinguiu após a abolição da escravatura
em 1888?
A exploração da mão-de-obra continua em pleno século XXI?
Houve mudanças ou ainda a morte continua a assolar a realidade de corpos
negros e afro-descendentes?
São as citadas indagações relatadas acima, que faz com que a performance seja mais que necessária no momento atual, pois a cada dia, temos mais e mais pessoas à beira da morte, pela falta de condições dignas de trabalho, de saúde, educação e cultura.
A Performance Coração Dilacerado 2018 surge a partir de estudos voltados
para o entendimento do fluxo imigratório de pessoas escravizadas entre os Sec
XV e XIX, através do tráfico transatlântico para as Américas, incluindo o Brasil.
Durante a travessia, pessoas escravizadas, que incluía homens, mulheres e
crianças, eram transportadas nos navios negreiros ou navios tumbeiros, como
se fossem mercadorias de compra, venda e troca. A viagem era longa, e
muitas vezes durava meses. Com isso, muitos seres humanos morriam, sendo
jogados ao mar. Famílias africanas foram dizimadas, grupos étnicos e grandes
dinastias foram desarticuladas com o mercantilismo. A memória, os valores
culturais e o sentimento de perda, foram trazidos na mente e no coração do
povo negro. E a partir dessas lembranças, guardadas no coração, refizeram-na
em solo brasileiro.
A performance, propõe a costura destas memórias e demonstra que mesmo
refeita, não se apagaram as atrocidades realizadas por mais de três séculos,
pois os resquícios permanecem até a contemporaneidade.
Qual é a memória ancestral que você carrega sendo negro afro-descendente?
A partir de estudos em diversas culturas onde o sal mineral é utilizado para rituais de purificação,
o Artista Roberto Santos convida o público a participar da performance ritualística Seiketsu.
Seiketsu propõe a purificação do corpo, diante à velocidade da vida contemporânea, onde cada vez
mais, o ser humano afasta-se de costumes familiares, rituais de purificação e o religari com o
divino.
A ação performática Seiketsu, através do ator performer Roberto Santos, investiga a relação com
espaço tempo, ancestralidade - e convida o público a fazer parte deste ritual simbólico, regado de
profundidade e resgate de memória afetiva. Você já se purificou?
Em diálogo com as Artes Cênicas e Artes Visuais, o artista Roberto Santos desenvolveu a Performance Manequim Vivo, tendo como referência os Irmãos GeorgeXGilbert e Kraftwerk. A Performance acontece em espaços alternativos, com apoio audio visual criado pelo mesmo, de acordo com o conceito a ser evidenciado.
Surgem personagens variados, do cotidiano e também fantásticos.
A Arte da Performance baseia-se no contato com o público de maneira direta onde o artista expressa variadas questões relacionadas com o dia-a-dia e suas problemáticas. Enquanto as Artes Cênicas, tem por objetivo propor ao espectador um olhar reflexivo e crítico, ambas linguagens aliadas à criação do artista, fazem-no também um performer que traduzirá através do corpo e contato direto com o público, a experiência sobre tais realidades.
O Artista Roberto Santos, em processo de trabalho em performance, através do contato com obras de
artistas renomados do circuito de Artes Visuais:Ayrson Heraclito, Cintia Howley, Laura Lima e
Richard Downing, realizou variados trabalhos em que seu corpo é utilizado como suporte e também
tornar-se a própria obra de arte, pela necessidade de se ter um corpo para ativar e realizar a
performance. Pois a performance somente é consolidada a partir de um corpo presente e atuante.
Embora possua performances autorais, o Performer Roberto Santos ao se relacionar com o conceito destes artistas, enriqueceu repertório, ressiginificando sua prática, e com isso, aprimorou suas experiências estéticas e artísticas no campo da performance.