A série é criada a partir do contato com a manufatura de elementos que
compõe o figurino/fantasia de carnaval. O artista utiliza-se de materiais que são
utilizados e descartados, dando outra funcionalidade para os materiais.
Em meio a diversos materiais como papelão, chatons, passamanarias, micropailletes, brocados, glitter, folhas de ouro - Roberto Santos, estabelece diálogos com a artesania, através da colagem, pintura, customização e novos materiais que até então, perderiam sua função. Cria telas–pranchas, desenvolvendo formas, estudos de cor, para expressar a relação com a manifestação popular brasileira e carnavalesca.
Os tecidos perpetuam a memória e trajetória dos adeptos do Candomblé de Ketu. As vestimentas, os trajes dos adeptos e a Indumentária dos Orixás,legitimam a história de um povo em diáspora, fortalecendo laços, divulgando a cultura material e a resistência. No processo de pesquisa em andamento, o artista pretende demonstrar através das telas-pranchas criadas, as variadas combinações de texturas, tecidos, aviamentos e a criatividade para a confecção das vestes. Há uma infinidade de elementos utilizados, combinação de cores que complementam entre si, dando uma visualidade plástica, que nos convida a esmiuçar a estética barroca, apresentados no ato de vestir, nos rituais, festejos e celebrações da religião de matriz africana na diáspora brasileira.
As artes visuais partem da possibilidade de Roberto Santos em inserir em seu processo criativo a pintura, a
fotografia, a performance e também a plasticidade estética em suas criações e trabalhos experimentais. Tendo
a intenção de propor ao espectador – público – uma experiência estética – onde este venha questionar e
dialogar com as obras, tirando-o do estado passivo de contemplação, e ainda, estimulando a reflexão.
Segundo o curador Oscar D'Ambrosio que é doutor em Educação, Arte e História da Cultura e mestre em Artes
Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, todo tipo de arte é um comprometimento. Torna-se essencial que o
criador se entregue àquilo que realiza a cada instante, pois as manifestações plásticas, por exemplo, trazem
uma interpretação do mundo. O que se vê se relaciona diretamente com aquilo que se sente, tanto por parte de
quem produz como de quem observa.
Os trabalhos de Roberto Santos lidam com a forma e a cor de uma maneira muito pessoal. Cada obra é uma
experimentação, num exercício constante de nos oferecer oportunidades de refletir sobre nossas
sensibilidades. Afinal, uma das funções da arte é justamente a de levar a pensar criticamente sobre aquilo
que nos circunda.
O exercício visual proposto pelo artista é decorrente de uma poética que não tem medo de arriscar e de pular
no vazio. O retorno são imagens que não geram indiferença, mas um permanente desejo de verificar quais serão
os próximos passos em direção a um amadurecimento constante.
O essencial é que observador mantenha a sua mente constantemente aberta para as possibilidades oferecidas
pelas criações. Não se trata apenas de contemplar, mas de interagir mentalmente, num processo permanente de
ver/pensar/refletir que caracteriza a arte contemporânea em suas mais distintas facetas.